terça-feira, 30 de março de 2010

A minha vida em casa e a vida na rua


A chuva cai incessantemente, alaga tudo, sobe nas calçadas, dificulta o trânsito de pessoas e carros...
Encharcados queremos chegar em casa, trocar a roupa molhada por uma sequinha e logo um caldo quente, ou mesmo um cafezinho parecem fazer tudo esquecer...
Logo vem a televisão, o livro, a mesa de estudos, onde está bem instalado o computador que em fração de segundos nos coloca em contato com todo o Planeta.
Atualizados, dinâmicos, com a vida bem resolvida e ainda nem falamos do carinhoso aconchego para o qual todos os dias estamos de volta.
Pensando bem nada nos falta!
Filosoficamente a Vida está acertada nos parâmetros da ação e reação.
Cientificamente compreendemos as leis da Natureza.
Religiosamente nunca precisamos tanto de Deus como nos dias atuais, pois ainda cegos, dependemos Dele para nos curar da pior cegueira existente, aquela que não quer ver...
Quem de coração, lendo este texto, pensou no morador em situação de rua?
Coloquemo-nos por 3 minutos no lugar de qualquer deles, sem ter as benesses citadas acima.
De quantas folhas de jornal precisaríamos para cobrir nosso corpo?
Qual o cantinho da calçada escolheríamos para tentar dormir sem ficar mais molhados do que já estivéssemos... afinal a chuva cai... cai... inexoravelmente.
Uffa!
Ainda bem que estamos aqui dentro de casa com tudo quentinho, no aconchego dos croações queridos.
Lá fora a chuva cai e eles estão lá em algum lugar, com os corpos molhados, cobertos por jornais ou panos molhados...
Meu Deus, somos tão poucos e por isso não conseguiremos resolver este problema de ordem social, assim fala a maioria para não sair de sua lamentável estagnação existencial.
Esse quadro doloroso, que espelha o que somos é só social?
A meu ver também moral, físico, material, mental, psíquico e espiritual, de responsabilidade de todos nós da sociedade humana.
Dois são os fins dessa grande vida terrena: aperfeiçoamento das pessoas de forma individual e também para suportarmos a parte que nos toca no Infinito desse Universo sem fim.
Desse modo concorremos para a obra geral e com isso nos adiantamos em moralidade e ética.
Estas são as ordens de Deus!
Cegos e não queremos ver?
Pare, pense nisso e reflita!
Busquemos a Força Positiva do Infinito Bem urgentemente no mais íntimo de nosso ser e supliquemos a Ele a cura de nossa alma que dormita em algum dos escaninhos do passado de nossa trajetória sem luz.
Hoje, mais conscientes temos claras chances de fazer tudo diferente.
O governo condena, os moradores incautos condenam... Criam leis, ordens absurdas, ações anti-humanas para que eles sejam definitivamente arrancados das ruas.
Nós concordamos? Nós achamos certo? Fazemos parte da maioria esmagadora de comportamentos equivocados?
Levantemos a nossa voz, a voz do coração, a que o homem orgulhoso não escuta, mas que tem o barulho de duas moedas no gazofilácio da Vida, sendo assim Jesus escutará...
Vamos irmãos queridos nas nossas despensas, nos nossos armários, nos nossos cofres - AGORA!
E amanhã procuremos por aqueles voluntários do Bem, que estão lá na rua com eles e doemos para eles tudo que formos encontrando sem medo de ser felizes!
Nossos irmãos, moradores em situação de rua, precisam de carinho, da palavra, do aconchego, que esse grupo dá a eles para que encontrem forças para se sustentarem nas provas da Vida, mesmo que esta prova seja por causas atuais.
Organize sua lista mensal de compras e inclua: biscoitos, pó de café, leite, margarina, sucos industrializados, bananas.
E todo mês se comprometa em ajudar os grupos que trabalham com eles.
Lembremos que eles precisam mais de comer do que de roupas, não mandem roupas nem calçados.
A chuva continuará caindo... caindo... mas estaremos lá alimentando-os e estendendo os nossos corações para aquecê-los e seremos companhias para estancar o sangramento da solidão!
A Paz, ainda, cantada e decantada em prosa e verso... só será possível quando deixarmos o outro entrar em nossos corações.
Tudo que fizerdes a um desses pequeninos irmãos meus...
Sônia Dias

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