domingo, 18 de abril de 2010

EU EM VOCÊ

Eu vou estar em você, onde você estiver
No céu estrelado serei aquela estrela maior;
No sol serei aquele raiozinho, que irá lhe incomodar,
Na chuva, serei aquela gotinha que tocará seus lábios.
Aquela brisa suave tocando seu rosto, serei eu;
Quero ser aquela lágrima, que brota em seus lindos olhos,
Aquele ar que percorre todo o seu corpo;
O sangue que corre em suas veias;
A saliva de sua boca;
A mão que acaricia,
Quero na manhã, ser seu pensamento
Na música, ser sua canção
No discurso, ser sua palavra
No limite, ser o seu máximo
Quero matando sua sede, saciar o seu desejo...
Eu quero estar em você e ter você em mim.

Regina Paula
Nascida em Rio Claro é professora e jornalista, membro do SERPAJ (Serviço Paz e Justiça Não-Violência).
Faz parte do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente e também coordenou por vários anos as bandas de música de Angra dos Reis, tornando-se sócia do Ateneu Angrense de Letras e Artes.
pesquisa: Angélica Lino Pacheco - turma 20

PROCISSÃO

Vai a traineira
Procissão.
A traineira, atrás, as gaivotas
No imenso garimpo cinza, azul, verde
Vão ambas buscar o ouro das redes
Bailam ambas
Traineira e gaivota
Ora ao sul, ora ao norte
Na certeza do cardume
Na esperança de sorte.
Ávidas traineiras,
Pescadores ávidos
Ávidas gaivotas
Como uma procissão
Ávida de bençãos
Como eu a mergulhar
Buscando o pão
Dentro de mim.

Heloísa Schuch - poetisa de Angra dos Reis
Nasceu no Rio de Janeiro, porém veio morar em Angra dos Reis em 1976. É educadora e dedica-se a Literatura como sua maior expressão entre as artes.
pesquisa: Angélica Lino Pacheco - turma 20.

O NÚCLEO DO PARAÍSO

Como é doce retornar!
Sobe e desce serra; curvas e curvas.
De repente (e sempre) o coração salta;
O encanto é o mesmo de sempre e o ar falta.

Todo o verde na moldura e todo o azul do firmamento...
As ilhas e o mar me trazem de volta.
Dias tranquilos, doce adolescência!..
Saudades dos bailinhos do Grêmio, da família, dos amigos!
Isto tudo era para mim a essência, o começo da existência
Que hoje, plena, retorna.

Recarrega-me, quando aqui venho, a energia deste lugar...
Cercada de azul, o sol no rosto...
Queria ter a cor que hoje não tenho.
Com o retornar, todo o meu eu se renova;
A cada vez sinto o enlevo de poder entrar em mim mesmo
E sentir o latejar da emoção constante e nova...
Emoção de pertencer, de integrar, de fazer parte eternamente
deste pedaço de Éden;
Não só por aqui ter nascido, mar porque aqui é meu lugar.

Tânia de Lima Reis - poetiza de Angra dos Reis
Primeiro lugar - XXI concurso de poesia Brasil dos Reis
pesquisa: Daiane dos Santos de Freitas - turma 20.

EUROAFROÍNDIO

Eu brasileiro, eu!
Euroafroíndio,
euroafroíndio, eu.
Eu sou da água de coco,
do toco do pindoba,
da goga que sobra do caxinguelê,
mistura de raças, graça na postura,
jogo de cintura, jeito de viver.
Eu brasileiro, eu!
Euroafroíndio,
euroafroíndio, eu.
De brancos ponteios de violas,
de negros tambores de Angola,
pele morena, cocar de pena,
pena de arara, cara de índio,
minha cara!
Cara de nego maluco,
mucungo é suco de cana,
mucama é dama africana,
cachaça, cana caiu!
Quem descobriu o Brasil
não foi eu, nem você nem Cabral.
Quem levou o pau-brasil,
não foi eu nem você, ninguém viu!
Eu brasileiro, eu!
euroafroíndio eu.

Luís Perequê - poeta e cantor de Paraty
pesquisa: Renata Emily - turma 20

"Luís Perequê, nascido na zona rural de Paraty, é o porta-voz de uma geração que vem transformando a consciência sobre a importância de ser paratiense. Traduziu as transformações sociais que ocorreram através da construção da BR 101. Em suas composições podemos perceber a existência da poesia quotidiana, que retrata a vida dos moradores da região, além de temas como meio ambiente. Fundou o Silo Cultural José Kleber (http://silocultural.org.br) e a Vila Caiçara, espaços destinados a promover talentos locais e assegurar a cultura caiçara."

A BELA ADORMECIDA


Quando a sonhar me vejo na cidade
a bela adormecida ao pé do mar
E bebo a tarde e sinto a madrugada
E a noite de permeio é só luar.
É sol e mar, é praia e serenata
São pedras ladrilhando a minha rua
O mar passeia solitário na calçada
Espelhando a lua cheia
nos beirais e nas sacadas!
Vida! Como é boa pra gente viver
Amo! Como é bom a gente amar aqui
Na praça, no cais, na praia...
Tudo isso é Paraty É Paraty, é
Paraty
José Kleber - poeta de Paraty
pesquisa: Renata Emily - turma 20.

NÃO MAIS


As bolhas pelo chão
a queda começou
o céu azul nublou
como meu amor
eu tentei me importar
dar o meu melhor
mas isso nunca foi o bastante
e quem vai te salvar quando eu me for?
e quem vai se importar?
quando eu me for...
Você disse se importar
mas escondeu muito bem
como pode amar sem acreditar
e quem vai te salvar
quando eu me for?
e quem vai se importar?
e quando eu for,
quem vai te abraçar?
não posso deixar você
perder tudo o que tem
quem vai diminuir a sua dor?
diminuir sua dor...
e quem vai te salvar
quando eu me for
e quem vai se importar?
e quem lhe dará força
quando não tiver?
quem vai se importar
quando eu me for?
a chuva pelo chão
o inverno chegou
você esperava ouvir minha voz
não mais...
Rodrigo Clymaco - poeta de Angra dos Reis
pesquisa: Alberto - turma 20

FILOSOFIA



"Filosofar
é elevar o pensamento
em busca do mais profundo conhecimento.

É a capacidade de permitir que
não somente a razão,mas a emoção, o desejo e cada um
dos nossos sentidos
busque a essência de cada ser.

É desvendar o universo através
da simples arte de conhecer-se
e assim encarar os medos
como mistérios a serem desvendados."

Roberta Ferreira